Embaixada da Rússia no Brasil
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🎙 Trechos do discurso do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia Sergey Lavrov, na reunião com alunos e professores do Instituto Estatal dos Negócios Estrangeiros de Moscou (MGIMO; 2 de setembro de 2024)

💬 As associações de integração regional, incluindo a a Organização para Cooperação de Xangai (#OCX), União Econômica Eurasiática (#UEE), a ASEAN, a Comunidade dos Estados Independentes (#CEI), a Liga Árabe, a União Africana e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (#CELAC), desempenham um papel importante no atual etapa de desenvolvimento dessa multipolaridade. Fortalecendo e aumentando sua autoridade, o #BRICS está atuando cada vez mais como um coordenador informal desses processos de integração regional em nível global.

A globalização, que o Ocidente promoveu ativamente por muitos anos, foi adotada como a forma de fazer negócios entre os países nos campos da economia, tecnologia e finanças. Esse modelo de globalização está desmoronando. Os princípios nos quais ele se baseava, de acordo com as crenças de nossos colegas ocidentais - concorrência justa, inviolabilidade da propriedade, presunção de inocência, forças de mercado - foram todos descartados pelo Ocidente em um instante para punir a Federação da Rússia nesse caso.

O Ocidente vem usando um instrumento semelhante de sanções há muitas décadas contra o Irã, a Venezuela e a Coreia do Norte. Assegurando ao resto do mundo que a globalização é um bem comum, declarando (lembro-me bem de como as figuras americanas costumavam dizer) que “o dólar não é propriedade dos Estados Unidos, mas um mecanismo bem-sucedido para o funcionamento de toda a economia mundial”. Agora vemos como isso está sendo operado e como o dólar foi transformado em uma arma elementar. É por isso que a globalização está agora se regionalizando, mas a tendência de que a própria interdependência que o Ocidente tentou distorcer volte ao normal permanece e se manifestará principalmente entre essas associações regionais.

O BRICS, que já cresceu para 10 membros (e há mais de 30 países na “fila de espera”), desempenha um papel objetivo de coordenador informal. E essa será uma das direções da formação de um novo sistema multipolar.

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🤝 Promoveremos os processos de integração na UEE, na CEI, na OCX, na ASEAN e, é claro, fortaleceremos a parceria estratégica com a China 🇨🇳, a Índia 🇮🇳, o Brasil 🇧🇷 e todos os outros países com os mesmos interesses, trabalhando no contexto da formação da arquitetura eurasiana. São muitos, é impossível listar todos eles.

É por isso que temos uma imagem clara e compreensível do futuro — a multipolaridade, baseada em outro princípio fundamental da Carta da ONU — a igualdade soberana dos Estados.

📖 Leia mais em inglês
🎙 Discurso de Sergey Lavrov na Reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 às margens da 79ª sessão da Assembleia Geral da ONU

📍 Nova York, 25 de setembro de 2024

Principais assuntos:

💬 O surgimento de um mundo multilateral exige uma modernização da arquitetura de governança internacional se quisermos construir uma ordem mundial mais justa e democrática baseada nos princípios duradouros da Carta das Nações Unidas em sua totalidade e interconexão.

“Como um importante fórum econômico, o G20 pode dar um forte impulso a esses processos objetivos, que são ditados pela própria vida. Acreditamos que o G20 deve aderir estritamente ao seu mandato e não se aprofundar em questões de paz e segurança e outros problemas puramente universais das Nações Unidas. É importante que as atividades de nossa plataforma sejam estritamente baseadas no princípio do consenso.

Na cúpula do G20 de 2023 em Nova Délhi, nos comprometemos juntos a fortalecer a voz dos países em desenvolvimento na tomada de decisões coletivas. Essas promessas devem ser traduzidas em ações. A reforma das instituições internacionais, que devem ser vistas como bens públicos globais, deve ser adaptada aos novos e crescentes centros de desenvolvimento global. As realidades atuais mostram que o equilíbrio no “peso” dos líderes econômicos mudou significativamente.

📈 Há dois anos, cinco membros do BRICS ultrapassaram o G7 em termos do PIB real. A projeção é de que, até 2028, os “dez” membros do BRICS produzirão cerca de 37% da produção mundial, enquanto os “sete” diminuirão para 27% ou até menos.

Ao mesmo tempo, há um rápido crescimento do continente africano e de outras regiões do Sul e do Leste Global. A Rússia está se reorientando ativamente para esses mercados. Esses mercados são a região da Ásia-Pacífico, a América Latina e o Caribe, o Sul da Ásia, o Oriente Médio e o Sudeste Asiático.

Formatos multilaterais de um novo tipo estão se tornando cada vez mais importantes, como o BRICS (que será presidido pela Rússia em 2024), a Organização para Cooperação de Xangai (#OCX), União Econômica Eurasiática (#UEE), a ASEAN, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (#CELAC).

Os projetos para vincular os esforços de integração estão ganhando força, como a iniciativa emblemática russa da Parceria da Grande Eurásia.

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Houve um progresso tangível na área de desdolarização do sistema financeiro e econômico internacional. Em particular, a participação das moedas nacionais nos acordos da Rússia com os países da OCX e da UEE já ultrapassou 90%. Chegamos a 65% com nossos parceiros do #BRICS, e esse número está crescendo. A participação do dólar na estrutura de pagamentos dos membros do BRICS está agora abaixo de 29%.

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No entanto, alguns mecanismos globais permanecem nas mãos do Ocidente, que está abusando deles. São particularmente preocupantes as tentativas dos Estados Unidos e de seus aliados de impor uma agenda de confronto às estruturas internacionais, tornando-as agentes de restrições unilaterais, desvios de verbas, confiscos de bens soberanos, guerras comerciais e concorrência desleal, inclusive sob a bandeira da ecologia e das mudanças climáticas.

❗️ Tudo isso é uma manifestação óbvia de neocolonialismo. Nos últimos dez anos, os países do “Ocidente coletivo” impuseram mais de 21.000 restrições ilegais somente contra a Rússia. Sua aplicação extraterritorial (e essa é a abordagem mais odiosa e ilegítima dos invasores) atinge, em primeiro lugar, os países mais pobres e os grupos populacionais mais necessitados, privando-os dos recursos energéticos, alimentos e fertilizantes disponíveis.

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Outra tarefa urgente é combater o domínio e a influência de cidadãos ocidentais em cargos de chefia nas secretarias internacionais e o envolvimento excessivo de organizações não governamentais inerentemente tendenciosas no processo intergovernamental.

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☝️ Devemos ser movidos pelo desejo de alcançar um multilateralismo genuíno, que é a principal garantia de estabilidade estratégica, segurança indivisível e uma economia aberta e não discriminatória.
🎙 Trechos de respostas a perguntas da mídia pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Sergey Lavrov, no final da semana de alto nível da 79ª sessão da Assembleia Geral da ONU (28 de setembro de 2024)

Pergunta: A cúpula do #BRICS será realizada em três semanas. Há previsão de participação de países da América Latina? Qual é a atitude da Rússia com relação à situação política na América Latina?

💬 Sergey Lavrov: Temos uma atitude respeitosa com todos os nossos parceiros. A América Latina é um polo poderoso da ordem mundial policêntrica emergente.

A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (#CELAC) está agora ganhando um segundo fôlego depois que o Presidente da República Federativa do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva 🇧🇷 chegou ao poder. Há muitas iniciativas, inclusive aquelas que visam criar mecanismos para permitir o comércio, a cooperação e o investimento, sem depender do que os Estados Unidos controlam por meio do Fundo Monetário Internacional e da Organização Mundial do Comércio.

Com relação às perspectivas de expansão do BRICS. Neste estágio, todos os membros consideram apropriado não tomar novas decisões por enquanto e adaptar nossa associação de pessoas que pensam da mesma forma às novas circunstâncias. Éramos cinco, agora somos dez. É claro que isso requer algum tempo para nos acostumarmos e uma entrada tranquila de novos membros no trabalho, levando em conta as tradições que se desenvolveram ao longo dos anos de existência dos Cinco.

A cúpula de Kazan considerará as recomendações que foram solicitadas pelos líderes na cúpula de Joanesburgo de 2023 — fazer propostas sobre como poderiam ser as modalidades da nova categoria (países parceiros do BRICS), que participarão de forma permanente, não como convidados, mas como parceiros em praticamente a maioria das atividades de nossa estrutura.

🤝 Existem listas de tais candidatos. Cerca de 20 países desejam se tornar parceiros. Outra dúzia ou mais deseja manter contatos regulares sem necessariamente adquirir o status de parceiro. Cabe aos presidentes decidir. <...> Isso será anunciado.
🎙 Trechos de uma entrevista do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, à revista americana “Newsweek” (7 de outubro de 2024)

Pergunta: Quais são os planos específicos da Rússia, de acordo com sua parceria estratégica com a China e outras potências, para realizar mudanças na atual ordem mundial, e como você acha que essas ambições serão concretizadas em regiões de alta competição e conflito, incluindo o Oriente Médio?

💬 Sergey Lavrov: É uma questão de adaptar a ordem mundial às realidades modernas. O mundo está vivendo um “momento multipolar”. A formação da multipolaridade é um processo natural de reequilíbrio de forças, refletindo mudanças objetivas na economia mundial, nas finanças e na geopolítica. Mais tarde do que outros, mas também no Ocidente, estão começando a reconhecer sua natureza irreversível.

Estamos falando do fortalecimento de novos centros de poder e de tomada de decisões no Sul e no Leste Global. Esses centros não aspiram à hegemonia, mas compreendem a importância da igualdade soberana e da diversidade civilizacional, e defendem a cooperação mutuamente benéfica e a consideração dos interesses uns dos outros.

🌐 A multipolaridade se manifesta na crescente influência das associações regionais — a União Econômica da Eurásia (#UEE), a Organização para Cooperação de Xangai (#OCX), a #ASEAN, a União Africana, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (#CELAC) e outras. O #BRICS se tornou uma referência da diplomacia multilateral. A ONU deve continuar sendo um lugar para harmonizar os interesses de todos os países.

Defendemos que todos os Estados, inclusive os Estados Unidos, cumpram suas obrigações em pé de igualdade com os demais e não encobrem o niilismo jurídico com mantras de excepcionalismo. Somos solidários com a maioria esmagadora que vê a lei internacional sendo desrespeitada impunemente em Gaza e no Líbano e, antes disso, em Kosovo, Iraque, Líbia e muitos outros lugares.

Nossos parceiros chineses podem responder por si mesmos, mas acho e sei que eles compartilham essa abordagem no entendimento básico de que a segurança e o desenvolvimento são indivisíveis e que, enquanto o Ocidente tentar dominar, os ideais de paz consagrados na Carta da ONU permanecerão no papel.