Embaixada da Rússia no Brasil
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🎙 Trechos do briefing da porta-voz do MNE da Rússia Maria Zakharova (30 de outubro de 2024)

Pergunta: Como você comentaria sobre a participação do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, na cúpula do BRICS em Kazan? Que opiniões os participantes da cúpula expressaram sobre as perspectivas de reforma da ONU?

💬 Maria Zakharova: O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, participou como convidado da reunião #BRICS Plus/Outreach, durante a qual fez um discurso sobre sua visão do papel da ONU em um mundo em rápida mudança, caracterizado pela formação de uma ordem mundial multipolar mais democrática e equitativa.

Ele compartilhou suas avaliações sobre o “Pacto para o Futuro” adotado em 22 de setembro em Nova York, que contém as iniciativas do Secretário-Geral para reformar as Nações Unidas e todo o sistema de cooperação multilateral.

Como é sabido, a Rússia e vários outros países expressaram sua insatisfação com muitas disposições desse documento que visam a diluir a natureza intergovernamental das Nações Unidas, o uso hipertrofiado, completamente antinatural e impraticável das questões e do componente de direitos humanos da Organização, forçando o desarmamento nuclear sem levar em conta o fator de segurança, vinculando as questões de desenvolvimento aos direitos humanos e às questões de “gênero”.

Àa margens da cúpula do BRICS, o Presidente Vladimir Putin realizou uma reunião bilateral com o secretário-geral, discutindo, entre outras coisas, a situação na Ucrânia e no Oriente Médio, bem como as possibilidades de facilitar a passagem de navios mercantes no Mar Negro.

<...>

Com relação à segunda parte de sua pergunta. É impossível adaptar a ONU aos rápidos processos de formação de uma ordem mundial multipolar mais democrática sem uma transformação qualitativa do sistema da ONU e de seu principal órgão, o Conselho de Segurança.

Há uma clara necessidade de tornar o Conselho de Segurança mais representativo (quanto já foi dito sobre a sub-representação dos continentes): sua estrutura atual, caracterizada por uma maioria numérica do “Ocidente coletivo”, não corresponde às realidades atuais. Essa não é apenas uma questão de realidades atuais. A própria arquitetura da participação dos países ocidentais no Conselho de Segurança é falha porque eles não representam países individuais. Eles são Estados vinculados aos compromissos do bloco do Atlântico Norte.

☝️ Não há uma posição única de consenso sobre as modalidades e a direção da reforma do CSNU. Os participantes da cúpula do BRICS têm visões diferentes sobre essa questão. Em particular, os representantes do Brasil 🇧🇷 e da Índia 🇮🇳 (juntamente com a Alemanha e o Japão) são membros do Grupo dos Quatro, que promove um aumento imediato no número de membros permanentes e não permanentes do Conselho de Segurança e busca obter uma “residência” permanente no Conselho. A Rússia apóia as aspirações de seus parceiros brasileiros e indianos como representantes autorizados do Sul Global. A RPC expressa posições alinhadas com as nossas, apoiando a expansão do Conselho de Segurança exclusivamente às custas dos Estados do Sul e do Leste Global.

A maioria dos participantes da Cúpula do BRICS é solidária com a Rússia, pois, em uma questão tão sensível e multifacetada como a transformação do sistema da ONU, é necessário agir com a máxima cautela e levar em conta cuidadosamente as opiniões de todos os participantes das negociações intergovernamentais sobre a reforma do Conselho de Segurança.
🗓 Nos dias 28 e 29 de outubro, Kazan sediou a XVI reunião dos Chefes de Escritórios de Estatística dos países do BRICS, onde a Rússia apresentou um compêndio estatístico conjunto-2024 e uma plataforma de BI (BusinessIntelligence) baseada em publicações estatísticas anuais.

Hoje, o PIB total dos países do #BRICS excede o do G7 em 6,7%. Desde 2021, a Rússia está entre as quatro maiores economias do mundo em termos de paridade de poder de compra. Três dos quatro países na classificação são membros do BRICS. A China está em primeiro lugar na classificação, a Índia em segundo e a Rússia em quarto.

Em 29 de outubro, os Chefes de Agências de Estatística do BRICS apresentaram a 14ª edição da Publicação Estatística Conjunta do BRICS. As agências de estatísticas do BRICS, incluindo os novos membros que se juntaram ao BRICS em janeiro de 2024, participaram da compilação.

Além da publicação tradicional do compêndio em versões impressa e eletrônica, este ano a Rosstat apresentou uma publicação on-line na plataforma BI. O portal é formado com base em informações estatísticas oficiais comparáveis coletadas ao longo dos anos de publicação do compêndio.

🤝 O site estará disponível em russo, inglês e outros idiomas dos países da associação. Os usuários poderão realizar cálculos com base em algoritmos estatísticos complexos e obter novos conhecimentos. A ferramenta permitirá a coleta automática de dados e o upload deles em diferentes formatos. No momento, o portal está funcionando em modo de teste, e a plataforma de BI estará disponível para uma ampla gama de usuários em 2025. A plataforma será atualizada e finalizada com base no feedback de todos os países.

#BRICS2024
🎙 Trechos do briefing da porta-voz do MNE da Rússia Maria Zakharova (30 de outubro de 2024)

Pergunta: Já se passaram 80 anos desde que a resolução da ONU sobre a questão do Oriente Médio foi implementada. Que ferramentas o BRICS tem para resolver os problemas do Oriente Médio?

💬 Maria Zakharova: A situação no Oriente Médio foi um dos principais tópicos da Cúpula do #BRICS, que ocorreu em Kazan de 22 a 24 de outubro deste ano. As discussões que ocorreram no âmbito da cúpula confirmaram a proximidade das abordagens dos países membros do BRICS, sua preocupação com o agravamento da situação na região e o papel especial do BRICS na busca de soluções coletivas para os desafios enfrentados pela região.

As avaliações gerais estão consagradas na Declaração dos Líderes de Kazan, adotada no final da cúpula. O documento, em particular, expressa preocupação com a escalada do conflito na Faixa de Gaza, que poderia levar ao aumento da tensão, do extremismo e de consequências extremamente prejudiciais em nível regional e global. Os Líderes do BRICS conclamaram todas as partes envolvidas a respeitar as normas do direito internacional, bem como a exercer o máximo de contenção e evitar a escalada de ações e declarações provocativas.

Os países da aliança promovem os princípios de solução pacífica de controvérsias por meio de diplomacia, mediação, diálogo abrangente e consultas baseadas em coordenação e cooperação.

Entre outras coisas, os países do bloco ajudam por meio de seus esforços de mediação. Por exemplo, meu país fornece ajuda humanitária a pessoas que precisam de tudo (a Faixa de Gaza e seus habitantes). Somos informados regularmente sobre a quantidade de ajuda humanitária de que estamos falando e seu conteúdo.
🎙 Entrevista com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Sergey Lavrov, para a TV BRICS (2 de novembro de 2024)

Principais assuntos:

A Cúpula de Kazan demonstrou o rápido crescimento da credibilidade do #BRICS e o desejo de mais e mais países de se juntarem ao seu trabalho.

• Vários Estados solicitaram formalmente sua adesão como membros plenos. Outros manifestaram interesse em se tornar países parceiros. Essa é uma nova categoria acordada pela Cúpula de Kazan.

• A Declaração adotada foi acordada com base em um equilíbrio de interesses. Ninguém (como acontece nos fóruns ocidentais) tentou pressionar ninguém. Estávamos procurando formulações mutuamente aceitáveis. Elas foram encontradas em todas as questões.

👉 O ponto principal dessa Declaração é a necessidade de aumentar substancialmente a participação do Sul Global e do Leste Global nos mecanismos de governança global, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, o FMI, o Banco Mundial e a OMC.

• A reforma das instituições internacionais existentes continua em pauta, mas, paralelamente <...>, todos querem criar mecanismos de pagamento alternativos <...>. É necessário um sistema paralelo, já que o dólar está sendo cada vez mais usado como uma arma agressiva na economia global.

• Também houve apoio a iniciativas puramente setoriais, incluindo a nossa iniciativa de iniciar os preparativos para a criação de um intercâmbio de grãos, investimentos e plataformas geológicas do BRICS. Essa foi a principal ideia dos países africanos que são membros do BRICS.

• Além disso, apresentamos dois projetos - para criar grupos de trabalho sobre transporte e medicina nuclear. Isso foi apoiado tanto na própria reunião do BRICS quanto na Declaração adotada.

• Uma representação mais equitativa do Sul e do Leste Global nos mecanismos de governança mundial implica uma reforma da ONU e de seu Conselho de Segurança.

• Reafirmamos claramente nossa posição: apoiamos apenas o aumento da representação dos países asiáticos, africanos e latino-americanos. O Ocidente já está injustamente super-representado lá <...>. Especificamente, apoiamos a iniciativa coletiva da Índia, do Brasil 🇧🇷 e da União Africana sobre a reforma do Conselho de Segurança.

• Foi dada atenção especial na Cúpula à crise no Oriente Médio, à catástrofe do povo palestino, que agora está transbordando para os países vizinhos - Líbano, Iraque, Síria e Iêmen. A Declaração formulou um parágrafo bastante forte sobre a necessidade de interromper urgentemente esse derramamento de sangue.

• Também não evitamos discutir a crise ucraniana. Pelo contrário, na preparação e durante a Cúpula, falamos proativamente sobre ela, e o presidente russo Vladimir Putin tocou nesse assunto. Concordamos com uma formulação fundamentalmente importante na Declaração, que enfatizava que o principal agora é buscar soluções que se baseiem nos princípios da Carta da ONU em sua totalidade e inter-relação.

📖 Leia mais em português

#BRICS2024
🎙 Trechos da entrevista do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Sergey Lavrov, à agência de notícias Rossiya Segodnya (5 de novembro de 2024)

Pergunta: Qual é a sua avaliação do resultado da cúpula do BRICS e da conclusão da presidência do BRICS pela Rússia? Quais países são atualmente parceiros do BRICS? O que esse status significa na prática?

💬 Sergey Lavrov: A XVI Cúpula do #BRICS em Kazan foi, sem exagero, um dos eventos internacionais marcantes não apenas deste ano, mas também de todos os tempos recentes. Sua realização bem-sucedida destacou claramente a falta de sentido das tentativas de isolar a Rússia internacionalmente, empreendidas por nossos oponentes de política externa como um dos elementos de pressão sobre nosso país. A convite do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, delegações de 35 países da Ásia, África, Oriente Médio, Europa e América Latina, chefes de órgãos executivos das Nações Unidas, do Estado da União, da União Econômica da Eurásia (#UEE), da CEI, da Cooperação de Xangai (#OCX) e o Presidente do Novo Banco de Desenvolvimento vieram a Kazan. <...>

As conversas dos líderes do BRICS e seu segmento de alcance ampliado/BRICS Plus permitiram uma troca de opiniões sobre todas as principais questões internacionais. Em vista do novo agravamento no Oriente Médio, foi dada atenção especial à questão da resolução de conflitos nessa região estrategicamente importante. Também foram consideradas as perspectivas de interação entre os membros do BRICS e o Sul Global no interesse do desenvolvimento compartilhado e da segurança indivisível.

A presidência russa do BRICS continua até o final do ano de 2024. A Cúpula de Kazan foi, sem dúvida, o ponto culminante do nosso termo na presidência do BRICS, pois deu aos líderes a oportunidade de resumir pessoalmente os resultados do trabalho realizado e delinear planos para o futuro. Tanto os resultados quanto os planos estão claramente refletidos no documento conjunto adotado na cúpula — a Declaração de Kazan. <...>

Gostaria de chamar a atenção para as cláusulas da declaração que tratam da adaptação do sistema monetário e financeiro global às realidades atuais, referindo-se ao aumento do papel dos países em desenvolvimento, ao aprimoramento de sua cooperação interbancária, ao aumento da participação das moedas nacionais nas liquidações e à criação de plataformas de pagamento independentes e mecanismos de seguro no BRICS. Todas essas direções levam, em última análise, à formação de um circuito de liquidação e pagamento que não está exposto a riscos externos, e isso, como sentimos na cúpula, está atraindo cada vez mais a atenção de um número crescente de países não ocidentais. <...>

Agora, com relação à categoria de Estados Parceiros. A Cúpula aprovou seus parâmetros. Continuamos a coordenar o trabalho nessa área. Esperamos tornar públicos seus resultados durante nossa presidência antes do final deste ano.

#BRICS2024
🎙 Trechos da entrevista do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia, Sergey Lavrov, à agência de notícias Rossiya Segodnya (5 de novembro de 2024)

Pergunta: Que ações os países do BRICS pretendem tomar para diminuir a escalada da situação na zona de conflito palestino-israelense e na região do Oriente Médio como um todo?

💬 Sergey Lavrov: Desde os primeiros dias dessa crise sem precedentes em outubro passado, os países do #BRICS se solidarizaram em defesa dos direitos dos civis na Faixa de Gaza. Em 21 de novembro de 2023, uma Cúpula da Unidade de emergência concordou em pedir um cessar-fogo antecipado e assistência humanitária às vítimas. Essa posição comum foi reafirmada na declaração da cúpula de Kazan, e o presidente palestino Mahmoud Abbas participou de sua parte ampliada.

Quase imediatamente após o início da operação israelense em Gaza, nós, em coordenação com nossos parceiros do BRICS e outras organizações com ideias semelhantes, apresentamos um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da ONU exigindo o fim das hostilidades e o acesso humanitário desimpedido à Faixa de Gaza. No entanto, ela foi bloqueada pelos EUA e seus aliados. Devido à posição politizada de Washington, o Conselho ainda não conseguiu adotar uma decisão que contribuísse para a normalização da situação em longo prazo.

Os americanos tentaram explicar sua posição pouco construtiva argumentando que, se essa resolução fosse adotada, poderia prejudicar seus esforços para levar Israel e o Hamas a um acordo sobre os termos de um cessar-fogo e uma troca de detidos. No entanto, o processo de negociação foi interrompido e a situação em Gaza continua a se deteriorar.

Além disso, o fogo do conflito regional está se alastrando. Suas chamas já engolfaram o território do Líbano, e alguns focos de incêndio estão atingindo a Síria, o Iraque e até mesmo o Irã. Não podemos deixar de mencionar a dramática desestabilização na área das artérias navegáveis do Mar Vermelho e do Golfo de Aden, onde os americanos e os britânicos “montaram” uma coalizão naval multinacional que lançou ações agressivas contra as forças Houthi, que, por sua vez, responderam às ações enérgicas de Israel contra os palestinos nos territórios ocupados.

☝️ O catalisador de todos esses processos foi a crise na Faixa de Gaza. Quanto mais cedo ela for resolvida, mais cedo a situação no Oriente Médio como um todo começará a melhorar. Portanto, continuaremos a trabalhar coletivamente com nossos parceiros para encontrar uma solução justa para o problema palestino em uma base jurídica internacional universalmente reconhecida. Também faremos o máximo uso do potencial do BRICS.

#BRICS2024
🇷🇺 O Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, recebeu hoje as cartas credenciais de 28 embaixadores estrangeiros recém-chegados

Trechos do discurso:

💬 Vladimir Putin: A Rússia está aberta à cooperação mutuamente benéfica com todos os países, sem exceção, com base nos princípios de igualdade de direitos, não interferência em assuntos internos e estrita observância do direito internacional.

Defendemos a formação de um sistema justo de relações econômicas globais, livre de concorrência desleal, sanções unilaterais e restrições politicamente motivadas.

A Rússia participa ativamente da vida internacional e busca uma política externa construtiva que leva em conta tanto nossos interesses nacionais quanto as tendências objetivas do desenvolvimento global.

Isso foi confirmado pela Cúpula de grande escala do #BRICS realizada recentemente em Kazan. Foi o ponto culminante da presidência russa da União e um evento notável no calendário político global.

🤝 A Rússia adotou uma abordagem responsável para cumprir suas responsabilidades de presidência do BRICS. Durante o ano, foram realizados mais de 200 eventos nos níveis mais altos, ministeriais e de especialistas, bem como nos círculos empresariais, parlamentares e sociais.

Além disso, recebemos a séria tarefa de garantir uma integração suave e o mais completa possível dos novos membros do BRICS que se juntaram à associação no início deste ano.

E deve-se observar que eles realmente aderiram rápida e organicamente aos esforços comuns, participaram ativamente dos fóruns, apresentaram ideias e iniciativas úteis e promissoras e puderam sentir que a cooperação no BRICS, que é construída com base no respeito mútuo e na consideração obrigatória dos interesses uns dos outros, traz resultados concretos e tangíveis.

🌐 A tradição de realizar uma reunião conjunta especial com amigos e parceiros do BRICS do Sul e do Leste Global no formato “Outreach/BRICS plus” dentro da estrutura das Cúpulas do BRICS também foi mantida. Desta vez, a convite da presidência russa, participaram os líderes da Comunidade de Estados Independentes, bem como os líderes da Ásia, África e América Latina, incluindo aqueles que atualmente dirigem várias estruturas regionais importantes.

No total, delegações de 35 países e 6 organizações internacionais vieram a Kazan. Uma geografia tão ampla atesta o interesse nas atividades do BRICS e no estabelecimento de cooperação com nossa associação por parte dos Estados que buscam políticas verdadeiramente independentes e soberanas. <...>

A visão estratégica dos participantes do BRICS de um futuro mundo multipolar que atenda às aspirações dos países da “Maioria Mundial” está definida na Declaração de Kazan, aprovada no final da cúpula.

☝️ Um resultado significativo da Cúpula de Kazan foi o estabelecimento de uma nova categoria de “Estados Parceiros”. A lista de possíveis países candidatos para os quais a presidência russa enviará convites foi acordada. Após receberem uma resposta positiva, esses países receberão o status de parceiros do BRICS.
🎙 Trechos de um discurso do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin, na sessão plenária da XXI reunião anual do Clube Internacional de Discussão Valdai.

Pergunta: Paulo Batista Nogueira (Brasil): Você poderia falar mais sobre os tópicos que abordou durante seus comentários e no discurso - BRICS e o dólar americano? Que papel o senhor vê para os BRICS na construção de alternativas aos sistemas não confiáveis e disfuncionais que usam o dólar?

A Rússia propôs um plano detalhado e interessante para pagamentos internacionais com base em moedas nacionais em 2024 durante sua presidência do
BRICS. Como você vê o futuro dessa discussão? Poderemos nos basear nela?

O senhor concorda que há certas limitações nos pagamentos em moedas nacionais e que, gradualmente, passo a passo, mudaremos cuidadosamente para um novo meio de pagamento, uma nova moeda de reserva? O presidente Lula, a propósito, falou sobre isso em sua declaração durante a cúpula de Kazan. Eu gostaria de ouvir sua visão sobre essa questão.


💬 Vladimir Putin: Baseio minha posição no que nossos especialistas nos oferecem, e confio neles. Eles são certamente especialistas de nível internacional. E eu falei preliminarmente sobre nossa proposta. E quando uma ideia é gerada, meu papel é trabalhar no país, na comunidade de especialistas, no governo e no Banco Central, para impulsionar essas ideias, essas propostas, de alguma forma formalizá-las de maneira apropriada e, depois de entender o que estamos falando, propor essas ideias aos nossos parceiros.

Propus uma dessas ideias ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele se interessou, recebeu nossos especialistas no Brasil, e em um nível muito bom. Ele convidou representantes do Banco Central e do Ministério da Fazenda para essas reuniões, em geral, praticamente todo o bloco econômico. E nossos colegas e amigos no Brasil estavam interessados.

Fizemos o mesmo com outros países do #BRICS. Tive excelentes conversas com praticamente todos os líderes, com todos, e em geral todos gostaram dessas ideias.

☝️Propomos a criação de uma nova plataforma de investimento, usando ativos eletrônicos, desenvolvendo-os. Ou seja, estamos falando sobre a criação de uma plataforma para pagamentos eletrônicos, com a ajuda da qual seria possível investir em mercados emergentes, e esses são principalmente os mercados do sul da Ásia, da África e, em parte, da América Latina.

<...>

Atualmente, o uso de moedas nacionais ainda tem seu efeito. Para a Rússia, por exemplo, dois terços de nosso volume de negócios já são atendidos em moedas nacionais. Quanto aos países do BRICS, 88% do nosso volume de negócios é atendido em moedas nacionais.

Agora estamos falando sobre o uso de ferramentas eletrônicas para a troca de informações financeiras entre os bancos centrais de nossos países, o chamado sistema BRICS Bridge.

Ouvi muitas conversas em nível de especialistas e em círculos jornalísticos sobre a necessidade de se pensar na criação de uma moeda única. Mas ainda é muito cedo para falar sobre isso. E não temos essas metas entre nós. Porque, para falarmos sobre uma moeda comum, precisamos alcançar uma maior integração das economias entre si. Essa é a primeira coisa. E a segunda. Precisamos elevar a qualidade das economias a um determinado nível para que elas sejam muito semelhantes e compatíveis em termos de qualidade e estrutura.

❗️ Nossas propostas não têm como objetivo combater o dólar. Estamos simplesmente respondendo aos desafios do momento, em resposta às novas tendências no desenvolvimento da economia mundial, estamos pensando em criar novas ferramentas e, em primeiro lugar, é claro, como eu disse no início, é importante criar um sistema, usar os sistemas já existentes em cada país para trocar informações financeiras, e desenvolveremos as ferramentas que mencionei.

📖 Leia mais em inglês
📰 Entrevista com Marat Berdyev, Embaixador Itinerante do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação da Rússia para assuntos relacionados ao G20, APEC, Parceria da Grande Eurásia: RIA Novosti (14 de novembro de 2024)

- O Peru, enquanto presidente da APEC, atuou de forma muito enérgica e produtiva ao longo do ano. Foram realizados mais de uma centena de eventos diferentes, cerca de 10 reuniões ministeriais, algumas das quais realizadas pela primeira vez.

- No âmbito destes eventos, pudemos promover toda uma série de prioridades e abordagens russas, em particular, relacionadas com o facto de ser necessário utilizar todos os instrumentos disponíveis no domínio da transição energética e confiar ativamente na cooperação económica internacional.

- No que diz respeito à segurança alimentar, registámos a importância de manter cadeias de abastecimento estáveis e abertas que não devem ser fragmentadas por ações políticas.

- No setor da energia, a Rússia tem colocado grande ênfase na promoção de uma abordagem que hoje em dia tem cada vez mais amplo apoio na arena internacional - a da neutralidade tecnológica. Estamos a dizer que é prejudicial confiar em construções unilaterais ou tentar impor algumas receitas de tamanho único ou certas tecnologias como não alternativas, em particular as energias renováveis.

- Ao mesmo tempo, a Rússia sublinha a importância de garantir que os mercados internacionais e as cadeias de abastecimento de energia transfronteiriças funcionem de forma estável e não discriminatória, sem quaisquer pseudo-sanções, ameaças e chantagens, e que haja uma previsibilidade total e clara.

- Na APEC, temos assistido repetidamente a uma série de peritos a salientar que a fragmentação geo-económica, as tensões geopolíticas e as sanções são atualmente os principais obstáculos à consecução de um crescimento económico sustentável e, carateristicamente, não atingem realmente aqueles contra quem são dirigidas, mas sim aqueles que as aceitam.

- Estamos a trabalhar com parceiros em vários formatos, incluindo o #G20, o #ATEC, o #BRICS, para mudar a situação para melhor. <...> As nossas ideias ressoam, começamos a trabalhar nelas em formatos bilaterais e noutros formatos especializados, e vemos que começam gradualmente a ser postas em prática.

- As economias da APEC estão interessadas na liquidação em moedas nacionais. <...> Todas elas querem desenvolver tais mecanismos e poder atuar de forma independente, sem ter em conta os caprichos ocidentais e o desejo irreprimível de lucro, até e incluindo métodos de apreensão criminosa de propriedade alheia, incluindo bens soberanos.

- Os resultados da Cimeira de Kazan são vistos pelos nossos parceiros como um grande sucesso. Eles acreditam que o #BRICS está a começar a adquirir uma base prática para as suas actividades. Portanto, os resultados do BRICS são convincentes para muitos, e estão a ser discutidos hoje.

- A propósito, este ano o Novo Banco de Desenvolvimento tornou-se parceiro do G20 e, pela primeira vez, foi convidado pela presidência brasileira a participar em numerosos eventos do fórum, incluindo a Cimeira de Líderes, o que mostra o crescimento da sua autoridade e posição internacionais.

- É claro que existem tentativas de politizar, ucranianizar a agenda da próxima cimeira. Há uma discussão sobre geopolítica. Estava claro desde o início que iria surgir. E nós estamos a participar nela. É difícil para mim dizer agora qual será o seu resultado, mas posso assegurar-vos que os interesses russos serão totalmente assegurados no seu resultado.
🎙 Entrevista do Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, com Marina Kim para o projeto Novo Mundo (Moscou, 14 de novembro de 2024)

Principais pontos de discussão:

#Assuntos internacionais

⚡️ Nossa principal tarefa agora é atingir todas as metas formuladas pelo Presidente Vladimir Putin. Você está ciente das expectativas do Ocidente. Eles estão especulando sobre a interrupção das hostilidades em uma determinada linha e a coordenação de uma trégua, de modo que, daqui a 10 anos, eles decidirão a quem pertencem a Crimeia e o Donbass. Isso é leitura da borra de café. Não vou me envolver com isso. Temos nossas tarefas e as cumpriremos.

• Nosso trabalho é afirmar e promover os interesses da Rússia de acordo com sua Constituição, bem como os objetivos definidos pelo Presidente Vladimir Putin. Isso vai além da Ucrânia e se aplica ao Conceito de Política Externa da Rússia em geral.

#EUA

• Washington não pode permitir que a Rússia prove que é um ator forte e prejudique a reputação do Ocidente. Eles não se importam com a Ucrânia. Eles só se preocupam com sua reputação. Eles decidiram que a Ucrânia deveria ter um governo de que gostassem e não esperavam que ninguém protestasse. A Rússia? É um país grande, mas precisa ser derrubado. É disso que se trata, e não do futuro do povo ucraniano. Eles não se importam com as pessoas.

• Foram impostas sanções a mais da metade dos países do mundo, mesmo que não sejam tão drásticas quanto as que foram adotadas contra a Rússia, a República Popular Democrática da Coreia, o Irã e a Venezuela. O verdadeiro motivo por trás da atual fúria do Ocidente é que a China está rapidamente e com confiança crescendo à frente dos Estados Unidos.

• Podemos ver o que os americanos querem. Sentados em algum lugar no exterior, eles acreditam que estão além do alcance, deixando para a Europa a tarefa de superar os desafios que enfrentam em termos de incentivar e armar a Ucrânia para lutar contra a Rússia, além de pagar a conta da tragédia do Oriente Médio.

#Eurasia4You

🤝 Deus nos deu um continente, e nós o compartilhamos. Esse continente possui imensos e, de fato, os maiores recursos naturais, enquanto várias civilizações milenares o habitam. Deixar de se beneficiar dessas vantagens competitivas seria um erro. É disso que trata a ideia de construir a Parceria da Grande Eurásia, e a EAEU, a SCO e a ASEAN já deram os primeiros passos nessa direção. Estamos estabelecendo laços e promovendo o diálogo. Se conseguirmos cumprir os planos que temos, a Parceria da Grande Eurásia oferecerá uma base sólida e servirá como uma espinha dorsal econômica e de transporte para o que o Presidente Vladimir Putin chamou de uma nova arquitetura de segurança da Eurásia.

• Há um claro entendimento de que a arquitetura de segurança da Eurásia, assim como a Parceria da Grande Eurásia, deve estar aberta a todos os países e continentes, incluindo a parte ocidental da Eurásia, mesmo que até agora essa última tenha tentado, como que por inércia, garantir seus interesses dentro de um conceito de segurança euro-atlântico em vez de optar pela estrutura da Eurásia, o que seria natural e razoável, considerando o fator geográfico. Essa é a maneira de eles dizerem que não pretendem fazer nada sem os Estados Unidos.

#BRICS

🌐 O BRICS trata da nova ordem mundial que se baseia no princípio principal da Carta da ONU - a igualdade soberana dos Estados.

• O BRICS não tem a intenção de dividir o mundo. Ele quer reunir países que desejam relações mais próximas para que possam viver na terra que receberam de Deus e de seus ancestrais como costumavam fazer, como grandes civilizações.

#África

🌍 A descolonização ocorreu, em um sentido amplo. Mas ser capaz de gerenciar de fato a liberdade e os recursos de alguém é outra história. É nesse ponto que o neocolonialismo vem à tona.

A Primeira Conferência Ministerial do Fórum de Parceria Rússia-África em Sochi e a Cúpula Rússia-África em São Petersburgo em 2023 colocam claramente em perspectiva as tendências que poderiam ser chamadas de segundo despertar da África.
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